Se alguém tem tantos anos que já sabe que não vai mudar o mundo, nem transformar sua família, nem vai ajudar nos rumos de seu país, ou estado, ou cidade, se já percebeu que não vai modificar nem os mandamentos do condomínio do seu prédio, então é com você que eu falo agora:
se fie nos pequenos momentos, aquela lembrança aprisionada mas que tem um sabor tão raro, hoje em dia: deixe ela vir e depois voar. o seu dia vai continuar o mesmo dia, com os problemas e aporrinhações dele. por isso, seja seu, não do seus dias. aquele amor que não deu certo mas que prometia, que seria diferente sendo ela uma sereia ou uma enguia, deixe que ele aflore na memória, não se subestime. aquela viagem para conhecer o cavalo de tróia e as esfinges das pirâmides ameríndias: deixe que ela volte à baila, baile sobre o itinerário, mesmo em braile leia o que pode ser feito se você pintar por lá por essas quintas. confie na imaginação, afie os fios para a qualquer momento contatar uma eletrocutação ou um novelo de novas lãs ou ainda um pavio para novas velas. em sete dias você não refaz o mundo, não desfaz toda a sua vida, não é capaz quase coisa nenhuma, você e eu, somos pedras vencidas. então se grude com chiclete nas coisas que você vai designar que sejam sagradas, benditas, prazerosas, para você infinitas. se apure com as impurezas e faça sua prece: todo dia com menos pressa, menos penitência, mais poesia; todo santo dia-a-dia com mais amores, mais promissores, menos manias,

 

É como se eu tivesse alguma obrigação de ainda responder algo.
É Como se houvesse uma argüição que me fizesse atender ao chamado,
procurar, ver de onde vem essa voz que ruge,
como e se precisasse urgentemente subir ao palco e declamar
o último subterfúgio para me livrar do mal que benze e também do bem nocivo.
É como se eu não conseguisse verter a súmula do meu próprio vício.
É como se fosse isso, o que agora vivo, um derradeiro choro
e não o início de um novo sorriso.



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