Eu sonhei não com você, como eu gostaria, mas comigo mesma.E nele, não em mim mas no sonho, eu dizia pra mim mesma: que me concentrasse somente no que eu acho que são minhas artes, e que depois, dias ou séculos, o resto viria, que tudo mais que foi pro inferno um dia retornaria nem que fosse pra me soar um não a mais que cordial bom dia! E  mais: pra eu não me importar ou exportar com você, que me sentiria mais que aliviada, levitando na minha própria energia.
Como já estava farta dessa rima de ia, ia, Iaiá, Iaiá, acordei. Mas ainda era noite e o cansaço me derruba e o sonho persistia. De tão exausta de ver a minha própria cara me dizendo o que eu faria, quebrei o espelho do éter e também o do banheiro, não me cortei por um triz, porque quando quero também posso ser uma razoável atriz.
[ou uma à tõa falando nem coisa com lousa, lembrando aquela saideira que diz: não me importa se a mula é manca, o que eu quero é rosetar. por isso, minha cabrocha, sem você eu vou até ao Irajá. não me importa se a mula manque, nem saber de quem é o velório, o que eu quero é chorar.]
Eu sonhei que me encontrei em uma esquina e não tinha o que dizer. Sabia que eu me reconheceria, do absurdo do encontro, cara a cara, mais de uma vez eu mesma em um mesmo dia. Me encontrar comigo é estranho e não benevolente, é se bater comigo e vê: um estranho acidente. e não me socorro, não me falsifico em ardilosos consolos entremeados aos panos quentes; me olho fundo no olho e não vejo o que quero e nem quero o que vejo em minha mente. E aí que sinal, que cúmulo de tensão animal vai me fazer sair ou ir ao encontro de mim mesma?De que túmulo ressuscitar o futuro que eu quero para mim, sem ser nunca mais a mesma? Que súmula vai abrigar a minha história, essa luta desse eu com essa tal, esse músculo infernal que me escoicea e esse nervo desigual que me aferventa as têmporas, me fazendo crer em sobrenatural, me criando lendas como se já não me bastasse o tempo e suas teias. que acúmulo é esse e de quanto tempo vem?
Me conheço há bastante tempo e às teias também. as minhas e as suas: armadilhas, alçapões, fundos falsos, mímica e vetriloquia. por isso sei, não sonho: não te pertenço mas te dou lágrimas e lenços. eu me endereço, por isso me dôo em múltiplos terços.
você se basta, eu me mereço.




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