CAUTELA


Debruçou-se à beira de um desejo e viu um abismo.
Não se precipitaria como de outras vezes.

Uma trilha havia de ser aberta, aos poucos, com prazer e trabalho. Tudo pedia para ser minuciosamente cuidado – que flores plantaria, o percurso, a largura da pequena estrada, as pontes, uma clareira, um mirante que facilitasse ver o nascer da lua cheia.
E nunca mais se esqueceria de uma cabana que abrigasse a solidão com conforto e sossego.

Debruçou-se à beira do desejo e viu um precipício.
Nenhum motivo para abismar-se.

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