MANDALA


Levo aonde quer que for minha Mandala Sagrada
e que por mais que exposta será sempre secreta.
nela dormem,germinam e se renovam
os mais finos e densos pólens,
os mais íntimos e vulgares movimentos cíclicos
dos meus avatares.
Em minha Mandala o meu Tântrico e a minha Cabala,
são os pensamentos cínicos e os anseios singulares,
o movimento sísmico e um nunca acabar de espriguiçares.
Viva, sou a mais rétil e a mais langueza,
a mais réptil e a mais inseta,a mais estranha
e a mais quase amor,tua prestiditadora.
Quando morta sou zil zeros além da vírgula e sempre,
até para mim,será difícil alcançar este meu menos infinito.
Às vezes,a morte me cala.É que às vezes
eu morro sim,assim como quem não quer nada,
me deixo levar na enxurrada,vazo pelas bocas de lobos,
pelos ralos,pelas valas,pelos vãos no covil  do vil poderoso,
pelas vinhas dos mais sábios larápios.
deito e rolo sem eira nem teia nem veia,sem telha.
Aranha ou segunda-feira para começar a semana.
Quando eu morro sou de uma timidez tamanha
que nem te visito:sei onde estás,
sei tua sombra,sei o caminho,mas me apego
só ao que tu me deste,não ao que posso querer.
E o que era vidro e se quebrou me corta os olhos;
Imediatamente,quando acordo das minhas mortes
não há sinal dos infernos em minhas vestes.
Volto a ser aquela criatura soberana que diz que te ama,
prova que é de verdade,roga teu carinho.
No entanto em minha Mandala guardo a febre
e a dor de todas as pestes,trago os climas das monções,
o terror das pragas e a poesia mais amarga que é essa,
a do meu amor agreste.
Quando morta tenho a vida que me desmente,
quando morta  nada tenho e não sou quem sente.
Quando viva quero o infinito a dente e olho,
quando morta tenho o consolo de não precisar mais ser prudente.
Minha Mandala é o centro do alvo de quem sou
e sempre serei.
Minha Mandala é o centro da alma de quem
quer que eu venha a ser além.


Nenhum comentário:

Postar um comentário